segunda-feira, 18 de abril de 2011

"ANJOS EM SANGUE: RIOS DE LÁGRIMAS E TRISTEZA EM REALENGO"

ANJOS EM SANGUE: RIOS DE LÁGRIMAS E TRISTEZA EM REALENGO
                                                                                              * Ivandilson Miranda Silva

Lamentável o ocorrido nesta manhã de quinta feira, 07 de abril numa escola em Realengo, no Estado do Rio de Janeiro. A morte de doze crianças até agora, choca o Brasil e o mundo. É a primeira vez na história que uma escola – espaço de conhecimento, prazer e projetos de vida – sofre um ataque com essas dimensões em nossa sociedade.
O ex-aluno Wellington com um histórico de extrema timidez e dificuldade de se relacionar com as pessoas, adentra a escola dizendo que iria fazer uma palestra. A escola abre as portas para esse ex-aluno, que segundo os vizinhos era “estranho”, não interagia com quase ninguém, ficava boa parte da noite acessando a internet, cultivava uma enorme barba no estilo de um extremista xiita e segundo seu irmão, andava falando com seus familiares sobre a vontade de derrubar um avião nos moldes do atentado de 11 de Setembro 2001 nos EUA.
São tantos os ingredientes para comprovar o desequilíbrio de Wellington, mas essas evidências não impediram a tragédia desta quinta-feira, que amedronta e comove pais, professores estudantes e todas as pessoas sensíveis que ainda estão em choque.
Anjos, como são chamadas as crianças no nosso país, tiveram suas trajetórias interrompidas. De forma covarde e desumana, esse problemático jovem acabou com a vida desses pequenos inocentes e das suas famílias que não terão mais seus filhos de volta.
Esse terrível acontecimento no Rio de Janeiro demonstra como a violência tem sido potencializada em todos os setores da sociedade e como a aquisição de armas de fogo é facilitada. Compra-se revolveres, pistolas, metralhadoras como se compra roupa no shopping. Mesmo com campanhas permanentes de desarmamento organizadas por órgãos governamentais, nós somos ameaçados diariamente por pessoas que adquirem ilegalmente essas “maquinas” de matar.
É preciso refletir sobre essas questões, pois a indústria e o comércio de armamentos não se preocupam com vidas, eles ganham com a morte que comprovam a eficácia dos seus produtos, mantendo seus negócios em dia. “O senhor da guerra não gosta de crianças”, já denunciava Renato Russo, líder da Legião Urbana.
É necessário também, que as instituições educacionais discutam a questão e consolidem um conjunto de medidas para combater e evitar a violência num lugar que deveria semear a paz. O Ministério, as Secretarias Estaduais, Municipais de Educação e as escolas precisam (cada uma dentro da sua realidade) agir a curto, médio e longo prazo. Não podemos mais ficar parados diante de tantas ameaças a existência humana.
O ocorrido em Realengo, infelizmente, é mais um momento de profunda tristeza e dor para o povo brasileiro. Muita força para os pais, estudantes, professores, funcionários desta escola e que o medo não vença a esperança.
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*Professor da FBE e da Unime.